Muito interessante.
Posted: 08 Apr 2014 05:55 AM PDT
Enquanto seres
humanos, é naturalmente difícil concentrarmo-nos numa tarefa de cada vez.
Temos sempre a
tendência para perdermos o foco. Este hábito foi algo que ajudou na nossa
evolução enquanto espécie. Há milhões de anos, estar atento a tudo o que nos
rodeava ajudou-nos a sobreviver. Permitiu que fugíssemos de predadores, que
conseguíssemos garantir alimentos, entre outros fatores..
Hoje em dia, esse
mesmo instinto de sobrevivência está a ser explorado pelas mais variadas
empresas, que através de campanhas publicitárias ou de designs apelativos,
tentam “roubar” aquilo que é mais valioso para elas: a nossa atenção.
Alimentação,
TV, Pornografia e internet
No nosso dia-a-dia,
existem inúmeros fatores que demonstram claramente como os instintos
controlam as nossas decisões. O exemplo mais comum são as comidas Fast Food e
adição exagerada de açúcar em praticamente todos os alimentos. Este artigo do Pedro Correia
Training (um blog que recomendo) explica muito bem como o açúcar tem
modificado a nossa alimentação e como ele é viciante, fazendo com que nós,
enquanto seres humanos, pensemos de forma intuitiva ao invés de tomarmos
decisões de forma racional.
Outro dos maiores
vícios atuais é a televisão. Telenovelas ou programas de domingo à tarde
elevam o nosso instinto de sobrevivência, criando a sensação de que a
realidade que está na TV é a nossa realidade, mesmo que essa sensação seja
uma ilusão e algo temporário. Para saber mais sobre o tema, este artigo do Psychology Today
pode dar uma boa ajuda.
Outra das distrações
mais comuns é a pornografia..
Enquanto seres
humanos, necessitamos de recompensas sexuais e a pornografia tem utilizado
essa necessidade de forma bastante inteligente. Contudo, muitos estudos (tal como este) revelam que este
hábito está a fazer com que as pessoas utilizem estes sites ao invés de
procurarem parceiros para satisfazerem os seus “instintos” naturais.
Por último, temos a
internet. Constantemente somos interrompidos por notificações ou banners a
piscar, que tentam a todo o custo interrompar o foco e a nossa atenção. Não
vou alongar-me muito nesta parte porque o vídeo em baixo explica muito bem
tudo aquilo que acontece ao nosso cérebro enquanto navegamos na internet:
E o pior é que a
tendência de cedermos aos estímulos exteriores parece aumentar cada vez mais.
A imagem abaixo representa um estudo realizado pela Rasmussen e demonstra o
crescimento do consumo de mídia ao longo dos últimos anos:
Devemos
focar-nos numa tarefa de cada vez?
Todos os pontos
explicados acima, serviram para alertar que esta necessidade de prestar
atenção a tudo que o rodeia é algo natural e que é necessário aprender a
lidar com esses fatores. Enquanto seres humanos, crescemos dessa forma e
ainda bem que somos assim, caso contrário não teríamos sobrevivido enquanto
espécie.
Porém…
O marketing tem
aproveitado para tirar melhor partido desse nosso instinto, o que muitas
vezes é sinônimo de retirar a nossa atenção daquilo que é realmente
importante para as nossas vidas e empurrando a nossa atenção para distrações
constantes.
Isso acontece porque
essas estratégias exercitam mais o nosso Sistema Automático do cérebro e
deixam de lado o Sistema Reflexivo. O nosso Sistema Automático é
involuntário e toma decisões rápidas. É através dele que decidimos quando
mudar de canal, atender uma chamada no celular ou verificar o nosso Facebook.
Já o Sistema Reflexivo toma decisões mais ponderadas, tais como escolher que
comida comprar no supermercado, a compra de um livro, entre outros.
A imagem abaixo
representa muito bem cada um dos sistemas:
O grande problema é
que tudo aquilo que está à nossa volta faz-nos pensar com o Sistema
Automático e deixa de lado o nosso Sistema Reflexivo. É por isso que é
muito fácil perdermos a nossa atenção com as mídias sociais, com o smartphone
ou com a televisão.
O
que acontece ao nosso cérebro
No artigo onde falei
sobre o hábito das oito horas por dia de
trabalho e o porquê que você deve modificá-lo, expliquei um pouco
como funciona a falta de foco e os prejuízos que isso traz para os nossos
cérebros. A imagem que está abaixo resume bem tudo aquilo que acontece ao seu
cérebro:
Na imagem A, o cérebro
está focado em apenas uma tarefa e consegue facilmente separar aquilo que são
as distrações (azul) daquilo que é mais importante (amarelo). Já na imagem B
isso não acontece, com as multitarefas a tornaram demasiado confusa a
informação, misturando aquilo que é importante com aquilo que não interessa.
Dessa forma, esforço do cérebro fica distribuído e a energia investida em
cada uma das tarefas também estará distribuída. Ok, mas toda esta informação
parece óbvia. Mas será que você está sempre focado em uma tarefa de cada vez?
Ou será que tem constantemente o email e o Facebook ligados enquanto
trabalha?
Então:
como fazer para focar-me numa coisa de cada vez?
O meu primeiro
conselho para conseguir concentrar-se numa coisa de cada vez é diminuir a
grande quantidade de coisas que tem ao seu redor.
O marketing faz-nos
pensar que precisamos de inúmeros objetos e ferramentas para sermos felizes e
bem sucedidos, quando na verdade o real segredo para a nossa satisfação
pessoal está na simplicidade. Não digo que você tenha de viver como um monge,
bem longo disso. O que quero transmitir é que muitas vezes acabamos por
confundir felicidade com aquisição de objetos, quando na verdade as duas
coisas são bastante dispares.
O primeiro passo para
livrar-se do que é pouco relevante passa por eliminar tudo aquilo que está em
excesso na sua vida. Isso inclui:
E por aí vai. No
fundo, é pensar em tudo o que está em excesso e que retira a concentração
daquilo que é realmente importante no seu dia-a-dia.
O meu segundo conselho
está relacionado com a organização do dia-a-dia. Ainda há pouco
tempo, partilhei com os leitores aqui do blog vários aplicativos para aumentar a
produtividade e uma dessas apps era o Todoist, um aplicativo que
ajuda nas gestão das minhas tarefas. Manter uma lista de tarefas é um
dos segredos para manter o foco, visto que com uma lista de tarefas é muito
mais fácil mantermo-nos concentrados nas nossas obrigações.
O terceiro conselho
está relacionado com as distrações online. Quando estiver realmente a
trabalhar, feche o seu email, desligue as redes sociais e foque-se apenas
naquilo que é realmente o seu trabalho. Aprender a controlar o seu
Sistema Automático é FUNDAMENTAL. Seguir os seus instintos é importante, mas
se você for um freelancer ou um empreendedor, utilizar o lado racional ao
invés de usar os seus instintos é fundamental em muitas ocasiões.
A última dica está
relacionada com a sua capacidade de desligar-se deste mundo online. Ao final
do dia, por exemplo, experimente desligar o celular e/ou o computador e vá
fazer algo fora do mundo online. Por vezes é bom sentir que a vida até pode
passar um pouco mais devagar, aproveitando tudo aquilo que é possível fazer
sem uma ligação à internet ou sem televisão.
Conclusão
Antes de terminar este
artigo, gostaria de deixar bem claro que não sou contra a Fast Food (quem
nunca foi ao McDonald’s que atire a primeira pedra) nem contra a internet
(caso contrário você não estaria a ler este texto). O que quis transmitir foi
que é necessário existir um foco naquilo que é mais importante para as nossas
vidas.
Lembre-se: o tempo é
algo que jamais volta atrás.
Agora é vossa vez:
Abraço,
Luciano Larrossa
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